História do “Esqueleto” do Gávea Tourist Hotel
Publicado em: 28-10-2020São cerca de 30 mil metros quadrados de área, que contariam com um restaurante, um bosque e até teleférico. Mesmo inacabado, o espaço chegou a ser usado para algumas atividades: em 1965 foi realizada uma grande festa de réveillon e uma boate, chamada Sky Terrace, que funcionou por um tempo no térreo do imóvel.
Entretanto, em março de 1972, as obras do Hotel foram interrompidas pela incorporadora Califórnia Investimentos, que assumiria a construção. Cinco anos depois, essa empresa decretou falência e os trabalhos pararam de vez.
Sem recursos para vigiar o que restou da obra, os proprietários não tiveram como evitar que os materiais de construção e os elevadores suíços (que seriam usados no Hotel e já estavam no espaço onde a obra era realizada) fossem furtados.
A partir do início dos anos 1980, a construção do Gávea Tourist Hotel passou a servir de abrigo de moradores de rua e esconderijos de criminosos. Contudo, recentemente, o “Esqueleto”, como a construção passou a ser conhecida, começou a ser visitado por pessoas com outras intenções.
Muita gente tem subido os 272 degraus e 16 andares do prédio para apreciar o que se pode ver lá do topo. No meio da Floresta da Tijuca, o “Esqueleto” possibilita uma bela vista do mar de São Conrado e a Pedra da Gávea.
“Além das belas fotos que dá para tirar de lá, tem um pessoal que está praticando esportes, como rapel, skate”, conta Gustavo Souza, morador da Gávea, que costumava ir com amigos ao “Esqueleto”.
O “Esqueleto” já apareceu em ensaios fotográficos de modelos e em clipe de música. O rapper Daniel Shadow usou o local para gravar “Luz da Perdição”, que contou com a participação de Filipe Ret. No fim do ano passado, o ator Cauã Reymond postou em seu Instagram uma foto sentado na beira da cobertura do prédio.
De acordo com o site Aventuras na História, o atual dono do Gávea Tourist Hotel, Jamil Elias Suaiden tinha o desejo de destruir a construção e, no lugar, fazer outro hotel luxuoso de quatro estrelas, dessa vez com aproximadamente 600 quartos além de um centro de convenções para os hóspedes.
Contudo, o plano de Jamil foi impedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) que não autorizou que o prédio fosse alterado, por estar dentro da Floresta da Tijuca e ser próximo da Casa das Canoas, que são áreas tombadas como Patrimônio da Humanidade e Reserva da Biosfera e Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Com isso, a construção continua abandonada e aberta para a visitação, sem contar com nenhuma fiscalização de nenhum órgão do governo do Rio de Janeiro, ou contratada pelo próprio dono. E rendendo boas fotos.
No Rio de Janeiro, até os imóveis que não tiveram as obras finalizadas têm muita história para ser contada.