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Casa no Arco do Teles onde viveu Carmem Miranda desaba no Centro do Rio

Publicado em: 25-06-2024

O telhado do casarão onde viveu Carmen Miranda desabou na manhã desta terça-feira (25/06), na Travessa do Comércio, no Centro do Rio. O imóvel – que é particular – fica localizado no número 13 da via, na região do Arco do Teles, coração do centro histórico da cidade numa área vizinha ao Paço Imperial, ao Chafariz do Mestre Valentim e à igreja Lapa dos Mercadores. Ninguém ficou ferido. A Defesa Civil interditou o local, e o Iphan realizou também uma vistoria. Toda a região Arco do Teles integra o conjunto tombado nacional da Praça XV, verdadeiro polo cultural e gastronômico no Centro e que tem assistido a diversas inaugurações de negócios dos mais diversos. Porém, a região sofre ainda com alguns sobrados totalmente abandonados por seus proprietários.

O DIÁRIO DO RIO apurou que a propriedade pertence a uma empresa do setor imobiliário, a Arilucas, do advogado Alexandre Barreira. Em 2011 a companhia comprou o prédio por cerca de R$ 1,1 milhão. O antigo sobrado estaria em fase de arrecadação pela Prefeitura, após mais de 10 anos de descaso e abandono que resultaram em sua ruína; um processo foi iniciado pela subprefeitura do Centro e estaria parado na SMDEIS.

Em 2020, o DIÁRIO DO RIO já havia noticiado o desinteresse do poder público pelos espaços históricos da cidade, ao denunciar a invasão e os atos de vandalismo na antiga casa de Carmem Miranda, que chegou a ser invadida. A ação, realizada por uma quadrilha de criminosos, foi desfeita pela Guarda Municipal, que naquela época interditou o edifício. Desde então já houve diversas vistorias ao imóvel, que deve quase 250 mil de IPTU e está caindo aos pedaços.

Imagens e um vídeo obtidos com exclusividade pelo DIÁRIO DO RIO, nesta terça-feira (25/06), mostram o tamanho do estrago provocado pelo desabamento do telhado no interior da casa. A quantidade de entulho e poeira, somada a um imóvel degradado, com paredes descascadas, portas quebradas e o chão completamente destruído, escancaram o descaso com o local. E o prédio neste estado é franca ameaça aos vizinhos – sendo que o número 11 está prestes a receber uma Galeria de Fotografias através do projeto municipal Reviver Cultural, que põe dinheiro público na reforma de prédios com potencial para cultura e entretenimento. Dinheiro este agora colocado em risco pela inércia da Arilucas, dona do imóvel arruinado. Um caso semelhante ao que ocorreu em outubro passado quando o número 19 da mesma rua desabou, destruindo o vizinho e quase atingindo uma igreja de 1747, a dos Mercadores.

Veja

A estrutura comprometida do casarão pode impactar na segurança de quem se desloca naquele ponto. No último dia 27 de abril, por exemplo, foi inaugurado um centro cultural, com direito a um cinema ali no Arco do Teles, exatamente em frente a ex-casa de Carmem Miranda. Batizado de “QueeRIOca”, o espaço é voltado ao público LGBTQIAPN+. A abertura da casa certamente atraiu muitas pessoas a frequentar uma área que tem convivido com estes imóveis em péssimo estado de conservação.  O 13 fica em frente ao Queerioca, e é cercado de barzinhos, restaurantes e iniciativas culturais.

Desabamentos não são novidade

Vale lembrar que, não faz nem um ano que outros dois casarões desabaram na Travessa do Comércio. Naquela ocasião, parte da casa de número 19, de três andares, veio ao chão, causando severos danos na infraestrutura do prédio vizinho (número 21). O DIÁRIO do RIO denunciou, na época, que o imóvel pertencia a empresa ALP Participações S/C Ltda, de Barra Mansa, no sul do estado, e foi adquirido em um leilão, realizado em 2018, por quase de R$ 900 mil . A empresa não tomou qualquer atitude e precisou a Prefeitura intervir para que a região fosse reaberta ao público. Já o prédio vizinho, de número 21, atingido pelos escombros, é da Venerável Ordem de São Francisco da Penitência, e foi parcialmente destruído.

Veja fotos de como ficou o trecho na época

Naquele momento, a Prefeitura prometeu arrecadar o imóvel de número 19 da Travessa do Comércio, tomou posse do imóvel e prometeu consertá-lo. A decisão, que posteriormente se estendeu para uma gama de propriedades abandonadas do Centro, foi publicada em decreto no Diário Oficial. Contudo, apesar de alguns reparos na fachada e da colocação de escoras, o prédio segue carente de manutenção adequada. Segue destruído e assim também o vizinho, e a Igreja dos Mercadores segue sofrendo com infiltrações causadas pelo desabamento. Um prédio vizinho, o 17, também foi danificado e segue sem ser reparado pela AJP ou pela prefeitura.

Também no ano passado, o prefeito do RioEduardo Paes, visitou o local e afirmou que iria fechar o cerco contra os proprietários de imóveis abandonados na região central da cidade. O chefe do executivo municipal afirmou que a prefeitura estava “jogando muito pesado contra esses proprietários que simplesmente abandonam seus imóveis no Centro do Rio“. Mas casos como a AJP e a Arilucas proliferam-se pela cidade. Na rua Álvaro Ramos, em Botafogo, a mesma Arilucas tem um sobrado em estado semelhante, junto à clínica do médico Volnei Pitombo.

Centro do Rio tem quase 160 imóveis abandonados

Na esteira dos desabamentos ocorridos em outubro do ano passado, a Subprefeitura do Centro do Rio fez um levantamento que apontava 158 imóveis abandonados na região. Grande parte são casarões históricos e que têm rica relação com a história do Rio.

O estudo da Subprefeitura do Centro aponta que as ruas com prédios em pior estado de conservação seriam:

Rua da Carioca – 12;
Rua da Constituição – 10;
Avenida Visconde do Rio Branco – 9;
Rua Mem de Sá – 9;
Rua Sete de Setembro – 8;
Rua Conselheiro Saraiva – 6;
Rua da Candelária – 6;
Travessa do Comércio – 6;
Praça Tiradentes – 5;
Rua dos Inválidos – 5.

Diante do raio-x dos prédios com a manutenção inadequada no Centro, o então subprefeito da área, Alberto Szafran, chegou a afirmar na ocasião que os as condições estruturais desses prédios seriam avaliadas por técnicos especializados. Não se sabe o que decorreu desta afirmação. A intenção, segundo Szafran, era tentar identificar proprietários negligentes e/ou com dívidas relevantes de impostos.

Ao longo dos últimos anos, o DIÁRIO DO RIO vem denunciando o abandono de diversos prédios do Centro do Rio. Em 2021, por exemplo, uma matéria do portal, mostrava que boa parte desses prédios eram de responsabilidade Municipal, Estadual e Federal. Imóveis da UFRJ se encontram em risco severo de desabamento, por exemplo.

Um levantamento da época, feito pelo gabinete do vereador Pedro Duarte (NOVO), mostrava que 41% dos imóveis estavam sem uso, em um perímetro analisado na II Região Administrativa da cidade do Rio, que pega a região do Centro e da Lapa. Desses, 52.6% são do Governo do Estado do Rio e 19.3% da Prefeitura.

O DIÁRIO DO RIO cobrou a Prefeitura e a Subprefeitura do Centro quanto ao avanço dessas promessas, mas até a publicação desta matéria, não obteve retorno. O espaço segue aberto para as considerações.

Prédios abandonados darão lugar a centros culturais

Em 2023, a prefeitura garantiu que, através do Programa Reviver Centro Cultural, iria reformar casarões e sobrados abandonados de endereços históricos da região, como Rua do Ouvidor e Primeiro de Março, e transformá-los em centros culturais, como teatros e galerias de arte.

Alguns desses espaços já foram inaugurados. Além do QueeRIOca, já citado na reportagem, a Casa Tucum”, situada no número 30 da Rua do Rosário, também foi aberta à população. O local multidisciplinar conta com galeria de arte, empório gastronômico e empreendedorismo indígena.

A ideia foi desenvolvida pela mineira Amanda Santana há 10 anos, quando trabalhava como cabeleireira e maquiadora em um ateliê de beleza. Na época, ela divulgava e vendia artesanatos de povos originários para suas clientes, contando a história por trás desses produtos.

Iphan chama atenção para área da Praça XV

Em nota enviada ao DIÁRIO DO RIO, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) informou que realizou uma vistoria no imóvel localizado na Travessa do Comércio, número 13, após o desabamento de parte do telhado. O Instituto informou que o edifício encontra-se em uma Área de Proteção do Ambiente Cultural (APAC).

Segundo o instituto, o proprietário do imóvel está sendo notificado. Desde o desabamento do edifício de número 19 do mesmo trecho, o Iphan garantiu está com as atenções voltadas para a área do quadrilátero da Praça XV.

O Iphan reforçou que a conservação dos bens tombados é de responsabilidade de seus proprietários. 

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