
Tema do enredo campeão do Carnaval de 2025, Laíla esteve presente em 13 dos 15 títulos da Beija-Flor
Publicado em: 06-03-2025“Terreiro de Laíla, meu griô“, diz um trecho do refrão do samba de enredo campeão do Carnaval de 2025. O terreiro em questão é a Beija-Flor. O griô é Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, o Laíla, nascido em 1943, e que ajudou a contar tantas histórias vencedoras na Avenida (e até antes da Sapucaí) e colaborou bastante para fazer a escola de Nilópolis se tornar uma potência.
Dos 15 títulos da Beija-Flor, Laíla esteve em 13. Ou em 14, se considerarmos que ele se fez presente na Sapucaí neste ano de 2025. O homenageado da escola morreu de Covid-19, em 2021 e deixou muitas saudades e histórias no Carnaval.
Cria do Morro do Salgueiro, ainda criança Laíla montou uma escola de samba mirim, a “Unidos da Ladeira”. No Salgueiro, ele aprendeu tudo sobre Carnaval e, passando por algumas funções no barracão, conquistou 7 títulos pela agremiação tijucana (1960, 1963, 1965, 1969, 1971, 1974, 1975).
Registro do Laíla com o Joãosinho Trinta comemorando o tricampeonato de Nilópolis e, também, o pentacampeonato da dupla: 74, 75 (Salgueiro), 76, 77 e 78. Foto: Arquivo Beija-Flor/Galeria do Samba
A história com a Beija-Flor começou em 1976. Trabalhando com o carnavalesco Joãozinho Trinta, Laíla levantou o primeiro título da escola logo no ano em que chegou e já emendou um tri: 76, 77 e 78.
Em 1980, também na equipe liderada por Joãozinho Trinta, Laíla foi campeão pela Beija com o enredo “O Sol da Meia-Noite, Uma Viagem ao País das Maravilhas”.
No final dos anos 1980, já com décadas de experiência no Carnaval, em 1989, fez parte do histórico enredo “Ratos e urubus, larguem minha fantasia” de forma muito marcante. O título não veio neste ano, mas o desfile entrou para a história com a imagem do Cristo Redentor coberto – impedido pela Justiça após pedido da Arquidiocese do Rio de Janeiro de ser mostrado na Avenida. Foi ideia de Laíla a frase “mesmo proibido, olhai por nós“.

Foto: YouTube/ Luiz Eduardo Ferraz
Até então, o único título da Beija-Flor no qual Laíla não esteve presente foi o de 1983. Neste período, ele voltou ao Salgueiro e passou pela Arco-Íris, de Belém do Pará. Também trabalhou na Vila Isabel de 1986 até 1987, quando regressou para Beija-Flor. Acabou saindo outra vez para o retorno em 1994, quando começou o projeto que gerou a fase mais vitoriosa da agremiação.
De 1992 até 1993, Laíla passou por outras agremiações. Retornou à Beija-Flor em 1994 onde ficou até 2018. Como responsável pela Comissão de Carnaval (criada por ele), conquistou os títulos de 1998, 2003, 2004, 2005, 2007, 2008, 2011, 2015 e 2018.
Depois disso, até 2020, passou pela Águia de Ouro (SP), Unidos da Tijuca e União da Ilha. Em 2021, faleceu. Neste ano de 2025 foi homenageado pela escola que ele ajudou a se tornar umas das gigantes do Carnaval, e para muita gente esteve presente na Sapucaí, mais uma vez, para mais um título.

Não é exagero falar nessa presença. Diversos trabalhadores do barracão da Beija-Flor disseram ter visto Laíla algumas vezes durante a montagem do Carnaval.
“Tem pessoas que já cansaram de ver o Laíla por aí. Eu não vi, não tenho essa sensibilidade, embora seja espírita. Mas tem muita gente relatando isso, pessoal que trabalha no quarto andar, no terceiro, no primeiro… Gente que conheceu o Laíla. E gente que não conheceu, dizendo ‘Ih, esse moço da camisa [do enredo] bem estava aí outro dia’”, contou, em entrevista ao Extra, o substituto de Laíla na Beija-Flor, João Vitor Araújo.
Após o título de 2025 decretado, Neguinho da Beija-Flor, outro ícone da escola e do Carnaval (que se despede da função de intérprete neste ano), disse “Laíla merece”.